Tuesday, April 28, 2009

Shanghai

É já amanhã, dia 30 de Abril de 2009, que partimos para Shanghai.

Serão quatro dias de descanso há muito desejados.
É que já não saimos da zona do delta do rio das pérolas desde finais de Janeiro, aquando da nossa viagem ao Cambodja, e isto assim não pode ser!!!

Segunda estarei de volta para contar as novidades!

Em Formação

Na quarta e quinta-feira passadas, dias 22 e 23 de Abril de 2009, andei por Hong Kong. Foram dois dias iguais!

Fui, juntamente com um dos sócios com quem trabalho, a umas conferências/curso sobre contratos comerciais e modos de resolução de conflitos – um tema extremamente interessante, eu sei! Bom, mas lá fomos a expensas da entidade patronal que para além de suportar os custos do dito curso encarregou-se também das viagens e refeições.

Acordei pelas seis da manhã – há quanto tempo não acordava tão cedo – e apanhei o Jet Foil (ferry que faz a viagem Macau – Hong Kong) pelas sete e meia.

Como ia com o chefe fizemos as viagens em primeira classe que por estes lados tem o nome de “super class”, enfim!

Na verdade, paga-se mais 50% do preço de um bilhete normal e tem-se acesso a uma data de mordomiazinhas tal como ter uma sala de espera separada do resto dos mortais mas que parece uma daquelas salas de fumadores dos aeroportos; somos os primeiros a sair do barco; tem-se direito a uma “refeição ligeira”, como diz a senhora do altifalante, normalmente composta por chinesices que inclui arroz com peixe e que quase toda a gente não chinesa se apressa a trocar por uma sandes mista; podem ler-se os jornais do dia, e pronto(s), é disto, como diz um amigo meu!

Bem, a viagem entre as duas margens do rio das pérolas dura mais ou menos uma hora. Não gosto de fazer esta viagem porque enjoo um pouco, confesso, mas acaba por passar rápido pois adormeço quase sempre e, desta vez, nem mesmo a presença do chefe impediu que fechasse a pestana ao seu lado. Só faltou mesmo o encosto da cabeça no ombro.
.
Chegamos a Hong Kong. Passamos a imigração – apesar de Macau e Hong Kong serem partes integrantes da China, o povo de um lado não pode entrar no outro sem passar pela imigração, carimbar passaporte e tal – e fomos de metro até ao hotel onde decorriam as conferências. Milhares de pessoas encaminhavam-se ordeiramente do e para o metro com disciplina inglesa, logo pelas oito e meia da manhã. Se fosse em Macau era cada um por si e Deus por todos!

Como bons portugueses fomos dos últimos a chegar ao destino. Já falava o anfitrião do curso – Sir Laurence Street – um senhor com os seus setenta e muitos com uma pronuncia australiana cerrada que dificultava e muito o entendimento do que dizia.

E pronto, lá iam sendo dadas as conferências por ilustres advogados, juristas, professores, empresários, árbitros, etc. Como se esperava, conferências de qualidade superior, com grande aplicabilidade prática e, como não podia deixar de ser, muito interessante mas que não evitou um pestanejar de sono durante uma ou outra conferência mais monocórdica!

O horário definido nos dois dias de conferências fez-me relembrar os tempos do colégio. Aulas das nove às dez e meia; meia hora de recreio para tomar um café e comer uns bolinhos oferecidos pelo Hotel e trocar cartões profissionais com os restantes colegas de turma – É um fenómeno bastante engraçado. Aqui no Oriente existe a mania dos cartões profissionais e é com uma enorme cerimónia que os mesmos devem ser trocados, sempre com as duas mãos e com ligeira vénia. Há cartões para todos os gostos, uns são quadrados outros com páginas que incluem o curriculum vitae da pessoa, não faltam estilos para todos os gostos – mais aulas até ao meio-dia; duas horas para almoço, para se trocar mais cartões; aulas das duas e meia às quatro, seguidas de intervalo de meia hora para lanche oferecido pelo Hotel, e das quatro e meia às cinco mais uma aula. Foi um regresso ao passado.

Saímos apressados às cinco e meia e dirigimo-nos em conjunto com uma multidão para o metro que passa de 2 em 2 minutos. Enfrentámos a barreira da imigração no porto de Hong Kong e, pelas seis e meia, apanhamos o ferry de regresso a Macau onde nos serviram, novamente, a dita refeição ligeira.
Foram dois dias quase sempre a comer: comer às sete e meia; comer às dez e meia; comer ao meio-dia; comer às quatro, comer às seis e meia e depois jantar…

Aportamos em Macau pelas sete e meia e ainda houve tempo para ir ao escritório ver os e-mails recebidos e dar andamento às urgências que foram aparecendo durante o dia.

Cheguei cansado a casa, comi qualquer coisa (pouca) e cai redondo de sono às dez e meia!

Sunday, April 26, 2009

A primeira saída

Não pude sair de Macau para passar o Natal de 2007 com a família e amigos em Portugal. Contava e queria ir. Tornaria as coisas mais fáceis para nós, recém chegados, ir a Portugal 3 meses depois de ter partido, seria bom. Mas não, por ter sido o último a chegar fui o primeiro a ter que ficar, e fiquei, pois que remédio.
Como cá em Macau os dias 20, 24 e 25 de Dezembro são feriados (dia 20 celebra-se e comemora-se o regresso de Macau à Mãe Pátria China e nos dias 24 e 25 festeja-se o Natal) conseguimos juntar estes dias ao fim de semana para sair. Não era tempo suficiente para ir a Portugal e por isso decidimo-nos por um destino mais aqui ao lado e que há muito queria e ansiava conhecer.
.
A Tailândia, as ilhas Phi Phi... Aquelas onde foi filmado o filme "The Beach", com o Leonardo Di Caprio.
.
As viagens, apesar da época alta, foram baratas e conseguimos lugar para 4 noites num dos inúmeros resortes que pululam pela Ko Phi Phi.

Dia 20 apanhámos o avião do aeroporto de Macau para Bangkok, onde fizemos escala, e chegámos ao fim do dia a Phuket. Esta “localidade” da Tailândia ficou conhecida pelo famoso Tsunami que assolou Sudoeste Asiático em Dezembro 2004 provocando milhares de mortes.

Chegamos tarde e saímos cedo. Não tivemos tempo para ver nada. Pelas 7 da manhã do dia 21, uma sexta feira que o meu patrão generosamente me ofertou, os senhores dos transfers esperavam-nos no Hotel para nos levar ao barco que em mais ou menos uma hora chegaria ao nosso destino final , as Phi Phi.

Confesso que estava com enorme expectativa para conhecer a Tailândia. Toda a gente veio de lá encantada com a simpatia do povo, o sabor das comidas, a beleza das paisagens e a transparência das águas... nunca ninguém disse mal daquilo, só bem, e muito bem.
Não fiquei desiludido. Aquela zona da Tailândia é de facto linda e, tal como toda a gente a descreveu, exuberante.

Fizemos então a nossa viagem de 1 hora, no convés do barco, sob um sol abrasador, juntamente com mais uns quantos turistões. Boquiabertos, vimos as ilhas que rodeiam a Tailândia, vimos as águas transparentes, vimos as tartarugas e peixões que acompanhavam o barco. Vimos o verde luxuriante da vegetação das ilhas. Incrível aquele verde.



Chegamos à ilha onde ficaríamos quatro dias e onde passaríamos a Ceia de Natal. Paramos no “centro” onde a grande maioria dos nossos companheiros de viagem desembarcou. Continuámos viagem e subimos para o norte e passados 10 minutos saímos descalços naquela areia que cegava de tão branca que era. Pelo mapa que vos mostro, o nosso hotel era um dos da ponta lá em cima.
O resort era simples como pudemos comparar depois com os hotéis nossos vizinhos, mas chegava e sobrava. Fomos recebidos pelo(a) anfitriã(o) do Resort, ainda em reconstrução tal como muitos outros que foram vítimas da onda devastadora. Na verdade as Phi Phi, foram completamente devastadas de um lado ao outro pelas águas... sobrou nada!

Não escrevi “pelo(a) anfitriã(o)” por erro. Na verdade tivemos oportunidade de verificar que a Tailândia é um país onde abundam, digamos, os já afamados “lady boys”. Face à condescendência do Budismo a homossexualidade é comum e geralmente bem aceite.

Então, dizia, fomos recebidos por um desses espécimenes. Um homem do tamanho de um armário, com pelos no queixo, pele coberta de base rasca tentando disfarçar a masculinidade do rosto, uma voz esganiçada e vestido primorosamente de tailandesa... saia, soutien, tudo. Era espantoso ver aquela figura... não podia ser verdade!

Como chegamos ainda de manhã, levaram-nos a tomar qualquer coisa. Um pequeno almoço de filme... frutas e sumos naturais, empregadas (meninas mesmo) vestidas de “hula hula” sempre com um sorriso nos lábios e de mãos postas agradeciam todo e qualquer pedido que fizéssemos.

Estávamos a passar as férias de Natal com 35 graus, numa praia que tinha 4 banhistas e água azul turquesa onde podíamos ver os peixes a nadar. Estranho, muito estranho, afinal de contas devia estar a chover e a fazer um frio de bater o dente!

Os dias passaram rápido e numa ilha deserta pouca coisa havia para fazer para além de tomar banhos de mar e sol. Contudo, um dia experimentamos fazer snorkeling. Estivemos a nadar de papo para baixo a ver os peixinhos e tal.. muito bonito, muito giro. Resultado, a minha mulher apanhou um escaldão nas costas e no rabo que juntamente com o sol abrasador da viagem de barco provocou nela um estado febril... não mais saiu da sombra.

Tínhamos as nossas refeições quase sempre nos restaurantes e tascas do resort, mas uma vez fomos ao “centro” jantar. Bem, que diferença. Como podem ver no mapa, o número de hotéis naquela zona é substancialmente maior e o dito “centro” é composto de centenas de barracões com restaurantes e lojas com produtos manufacturados que se encontram nas lojas “natura” do Norte Shopping.
Apanhamos um “long tail”, um barco movido a motor de carro re-utilizado depois da morte do veículo de 4 rodas, conduzido por um rapaz descalço, cor de chocolate, sorriso aberto e com uma camisola do Barcelona.

Só turistas australianos por todo o lado a beber cerveja por canecas de um litro, barulhentos e chanata no pé... Que sorte tivemos em ter ido para a zona mais calma.

Chegou o dia 24 de Dezembro. “Obrigados” a participar na Ceia de Natal organizada por 3 hotéis, incluindo o nosso, fomos pelas 8 da noite sentarmo-nos com mais 70 pessoas numa das dezenas de mesas postas na praia iluminada com tochas e velas. Vestimos-nos, como não podia deixar de ser, a rigor... mas um rigor adaptado às circunstâncias especiais, claro!

Ao invés do tradicional bacalhau, o jantar foi composto de mariscos de toda a espécie e mais alguma, caril de toda a espécie e mais alguma, arrozes de toda a espécie e mais alguma.
Jantamos, pois, à luz das velas e do luar, na praia, acompanhados por um vinho branco gelado e com o mar sob os nossos pés descalços. Tivemos direito a exibições de danças tradicionais e ainda a uma simulação de Muai Tai, o box Tailandês onde vale murro, pontapé, cotovelada e joelhada... é mais ou menos, na versão portuguesa, como os pauliteiros de Miranda.

Que Natal diferente!

Bom, no dia seguinte foi dia de partida. Logo pelas 10 da matina aguardava-nos o barco para nos levar de volta a Phuket onde apanharíamos o avião para Bangkok e daí para Macau.

Novatos nestas andanças de viagens com horários apertados e escalas programadas por nós, íamos ficando em Bangkok a passar mais um dia... O voo de Phuket para Bangkok atrasou. Chegamos com 45 minutos para fazer o check in para Macau... Mas e as malas... as malas tinham sido despachadas para o porão do avião. Conclusão, a minha mulher a correr para o balcão do check in para prevenir e assegurar o nosso embarque e eu em stress pelo aparecer tardio das malas nos tapetes respectivos... E lá apareceram... Peguei nelas e a correr feito louco cheguei a arfar ao balcão onde me esperava a minha mulher com ar desesperado...

Ainda tínhamos que passar a imigração e faltavam 15 minutos para o avião levantar voo. Centenas de pessoas distribuídas por 10 filas aguardavam a sua vez para serem atendidas. Nunca mais chegaríamos a tempo! De repente vejo a minha mulher a correr esbaforida para o canal diplomático, eu de arrasto, fui também. Num discurso desesperado, convencemos o polícia a deixar-nos passar... depois foi correr... correr como nunca corri na minha vida.

Tinha os pulmões a latejar... maldito tabaco, pensei!

Para quem não conhece o aeroporto de Bangkok posso dizer que é mais coisa menos coisa tipo Heathrow, em Londres. Bom, a nossa porta de embarque era a última de todo o terminal... que correria, caramba, que correria... Acabávamos a viagem em stress quando deveria ter sido o contrário, mas foi muito bom e ficou prometido, um dia havemos de lá voltar!


Ps: Passado um mês deixámos de fumar e não voltamos a despachar malas no porão.

Sunday, April 19, 2009

Inner Harbour

Ao invés de voltar a um passado tão longínquo(!), conto agora um episódio que se passou no não tão longínquo dia 6 de Fevereiro de 2009.

Pelas cinco da manhã fui acordado por uma explosão... abananado, sem entender o que se passou, volto a adormecer. Diria que cinco minutos depois a explosão repete-se!

Levanto-me preguiçoso e cambaleante da cama e espreito pela janela...

Mas antes de mais e completando a descrição do post anterior, aproveito para dizer que vivemos em Matosinhos aqui de Macau – o Porto Interior. Zona mui antiga e degradada da cidade com pouca ou quase nenhuma intervenção portuguesa, onde tudo é tipicamente chinês e, por isso, sujo, barulhento, mal cheiroso e caótico.

Como já referi, de nossa casa temos vista para a “main land China”. A República Popular da China aqui tão perto, à mesma distância que Gaia está do Porto. Vemos as montanhas da cidade fronteiriça do lado de lá – Zuhai – vemos um dos muitos casinos de Macau, vemos os barcos de pesca, a lota, os diferentes cais, o mercado do peixe, o Porto Interior.

E foi no Porto Interior que estranhamente dois barcos de pesca com pavilhão de Hong Kong arderam durante horas da madrugada perante a impotência e incapacidade da polícia marítima e bombeiros face a tão dantesco cenário.

A minha mulher captou fotograficamente o sucedido que agora partilho.





Thursday, April 16, 2009

Partida, largada, corrida!

Tal como prometido, aqui vai o texto que escrevi aquando da minha chegada a Macau. A primeira tentativa do tal diário... Já está desactualizado mas ainda assim merece a publicação.

Dia do embarque – 4 de Setembro de 2007
Dormi na minha antiga casa de Lisboa, uma vez que o voo para Helsínquia (onde fiz escala) partia do aeroporto da Portela.
Bem, dormir não é bem o termo, uma vez que, para além de não ter lençóis, cobertores nem sequer almofadas e estar vestido, o stress da viagem apenas permitiu uns brevíssimos fechar de olhos.
Acordo pelas 6 da manhã…

6h30
Às seis e meia da manhã a minha mana (quatro “m’s” seguidos) já estava pontualmente à porta do gigantesco e largo prédio onde vivi durante o último ano e meio em Lisboa.

7h00
Chegado ao aeroporto foi tudo, felizmente, muito rápido.

7h50
As despedidas das famílias já saudosas não demoram mais de 10 minutos o que impediu que, pelos menos naquele momento, qualquer lágrima fosse derramada.

8h00
Andôr, penso eu para os meus botões sem, contudo, conseguir evitar engolir em seco.

8h30
Up Up, Away!!!!

12h30 Portuguesas e 14h30 Finlandesas
4,5 horas e meia depois e após um almoço (sim almoço!!!) de avião servido pelas nove da manhã portuguesas, aterramos na capital da Finlândia. E ainda dizem mal dos nossos aeroportos… aquilo parecia a estação de autocarros de Sete Rios. Limpinha, muito limpinha é certo, mas pequeninha, muito pequeninha…

13h30 Portuguesas e 16h30 Finlandesas
Uma hora e 50 minutos depois de ter aterrado, embarcámos novamente. Desta feita para Hong Kong. A Grande Maçã do Oriente.
Entramos no avião e passado uma hora serviram-nos o Jantar (jantar às duas e meia da tarde portuguesas!!!). Desligaram as luzes e meteram um filme nos 539 ecrãs existentes no avião (o quarteto fantástico e o surfista prateado).
Passadas duas horas e meia, meteram outro filme…(Big Mama 2….)
Passadas mais duas horas e meia e meteram outro filme…(Family Guy…)
Passada uma hora e meia serviram o pequeno almoço composto por feijão e mais uns comestíveis de qualidade duvidosa.

24h00 Portuguesas e 7h00 Hong Konguesas
Chegámos a Hong Kong.
Toca a apanhar o ferry para Macau…Mas não. Nada disso Toninho, vais esperar sentadinho três horinhas pelo ferry que é para veres o que é bom para a tosse. E esperamos! Que estafeira!

03h00 Portuguesas e 10h00 Hong Konguesas
Entrámos no Ferry. Dormi!!!

04h00 Portuguesas e 11h00 Macaenses
Chegámos finalmente a Macau 21 horas depois de termos partido de Portugal. Senti-me numa constante plataforma flutuante por mais terra firme que existisse debaixo dos meus pés. Que pedrada a minha. Durou três dias a sensação de moca!
Esperavam-nos à saída do Ferry e levaram-nos para o Hotel, mas não foi logo que pudemos tomar um banho e dormir… os quartos ainda não estavam prontos e por isso tínhamos que esperar mais uma horinha… Fomos almoçar.
A primeira sensação que tive, confesso, foi má. Péssima. Nojenta. Que pardieiro de cidade pensei eu em partilha com os meus botões.
Calor infernal. Cheiro insuportável. Barulho ensurdecedor. Ares condicionados que invadem as ruas ora com os bafos quentes dos aparelhos selvaticamente pendurados em todas as paredes exteriores ora com os ventos gelados de 10 Cº que sopram furiosamente de dentro de todo e qualquer buraco.
Trânsito caótico. E ainda por cima pela esquerda, à inglesa.
Ao lado do mais moderno casino existe o mais velho casebre (mas com ar condicionado, hã!).

14h00 macaenses e 7h00 portuguesas.
Almoçámos uns bolinhos de bacalhau que mais eram uns pasteis de óleo com fiapos de bacalhau.
Fomos para o Hotel Sintra que a minha entidade patronal gentilmente pôs à disposição da sua nova aquisição profissional…Dormi, por fim!

18h00 Macaenses e 11h00 Portuguesas
Acordámos e fomos visitar as instalações onde, durante os próximos tempos, irei trabalhar.
Foi-me apresentada quase toda a gente.
Perto de 50 pessoas. Portugueses, Macaenses, Cabo Verdianos, Chineses e Lisboetas.
A sensação da cidade foi bem melhor, desta feita. Estava mais fresquinho. Havia menos trânsito, menos gente na rua e não era hora do almoço e por isso não cheirava a comida e, acima de tudo, não estava tão cansado!!!

20h00 Macaenses e 13h00 Portuguesas
Os amigos, levaram-nos a jantar a um tailandês que, em conjunto com o feijão do pequeno almoço, provocou em mim algo que até hoje nunca esquecerei.

Dia 6 de Setembro
Demorei dois dias a perceber que, pela primeira vez na vida, teria que tomar o tão afamado “Imodium” (fármaco essencial para quem viaja para Africa, Ásia ou qualquer outro continente ou país com costumes alimentares não coincidentes com os nossos sensíveis sistemas digestivos).
Era evidente a crescente necessidade de visitar aposentos reais e o meu ciclo digestivo era quasi quasi permanente…
Quatro dias de visitas frequentes aos nobres aposentos e o resultado ficou demonstrado com a perda de dois quilos no meu peso pluma e o prémio de uma desconfortável sensação que me privo de descrever aqui para não ferir sensibilidades mais susceptíveis.
Os dias foram passando.

Dia 7 de Setembro
A minha mulher arranjou Emprego em tempo record, segundo as estatísticas locais dos últimos tempos. Foi proposto à minha menina ocupar o cargo de designer numa conceituada empresa de arquitectura amaricana!!!
Bem remunerada (novamente graças a Deus), com bom horário laboral e com óptimas condições para o seu desenvolvimento profissional e pessoal.

Dias 8 a 15 de Setembro
Durante este período as minhas idas ao escritório eram interrompidas por visitas a apartamentos para arrendar.
Contudo, aproveitei para me ambientar ao funcionamento da sociedade, para tratar da papelada necessária à imigração e inscrição na Associação dos Advogados e iniciar a minha intervenção, ainda que reduzida, num projecto de financiamento de muitas patacas.
Passada uma semana de ter chegado fui, juntamente com o departamento comercial onde me incluo, a três reuniões em Hong Kong com escritórios de advogados nossos parceiros.
Sem palavras. Senti-me um verdadeiro parolo a ir à cidade... É como sair da margem sul em direcção à Capital. Impossível de disfarçar a excitação juveniel que senti. Caramba estou em HONG KONG e em trabalho!
Não consigo por enquanto descrever a cidade. Posso, contudo, dizer que percorri muita da “baixa” da cidade sem pôr um único pé no chão. Aquilo deve ser tudo a dobrar… Autocarros típicos ingleses de dois andares, eléctricos de dois andares e ruas de dois andares (passadiços por cima dos passeios normais com entradas e saídas para quase todos os enormes prédios, escadas rolantes de uns passadiços para outros… é com se houvesse duas ruas, uma por cima de outra.

Quanto às casas para arrendar visitámos mais de 20 apartamentos. Alguns bons mas caros (com a abertura do Venetian – maior casino do Mundo – a especulação imobiliária foi estrondosa. Apartamentos T3 que em Agosto custavam 6500 patacas, pediam agora por mês 8500 patacas).
Chegámos a ver uns “condos” no centro de Macau… que desgraça. Vimos um que tinha nas paredes do quarto de banho pastilha doirada e cujo lavatório, por proposta da burra da menina da imobiliária, serviria também de cozinha….de rir!!!
Enfim, muitos dos apês que vimos eram maus de mais. Ok, teríamos que abrir os cordões à bolsa mais do que queríamos.
Acabámos por encontrar no dia 15 (último dia da nossa estadia no Sintra), já fartinhos de procurar, um T3, num 27º andar, junto ao porto interior. Uma área exclusivamente chinesa e das mais antigas de Macau. No nosso prédio somos os únicos não chineses a morar, facto que tem sido a alegria dos porteiros e vizinhos que mui contentes ficaram com a nova vizinhança.
A sala e o quarto têm uma vista extraordinária sobre a China e de onde se pode ver o pôr do sol.
Ficámos contentes ao reparar, quando visitámos o apartamento pela primeira vez, que a cozinha era dotada de forno… mais tarde viemos a perceber que o aparelho que se encontra debaixo da placa trata-se não de um forno mas de um esterilizador de pratos!!!!!!!!! Diz que é uma espécie de maquina de lavar louça… pelo menos é o que se diz!!! Eu por mim não sei, mas nem se quer cheguei a ligar aquela porcaria à tomada.

Dias 15 a 26 de Setembro
Com o fim da nossa estadia no Sintra (10 dias), mudámo-nos para casa dos nossos amigos que nos disponibilizaram um tecto e uma malguinha de sopa!!!
Durante este período a minha mulher, ainda à espera de começar a trabalhar, ocupava o seu tempo na procura de tudo o que uma casa precisa… e precisa de tanta coisa!!!!
Eu, já mais inserido na estrutura profissional da empresa, começava a dar os meus segundos passos no trabalho.
Os móveis e demais objetos caseiros foram sendo encomendados para serem entregues no dia X à x hora.


Dia 26 mudámo-nos de vez.
Mudámos a fechadura, montámos os móveis ikea que chegaram de Hong Kong, limpámos todo o apartamento e, pela primeira vez desde o dia da nossa chegada, senti-me finalmente em casa.

Dia 30 de Setembro
Vieram pôr Internet cá a casa.

Dia 2 de Outubro

Emprestaram-nos uma televisão.

Dia 3 de Outubro de 2007
A minha mulher começa a trabalhar e a vida entrará, agora, na rotina do dia-a-dia.



Actualização a 16 de Abril de 2009
O Maior casino do Mundo, que abriu pouco antes de termos chegado, está agora à beira da falência.
A cidade continua repleta de maus cheiros, ares condicionados por todo o lado e um trânsito caótico... mas já nos habituámos.
A minha mulher está desempregada desde 7 de Abril de 2009, exactamente um ano e sete meses depois de ter sido contratada.
No meu escritório ainda há Portugueses, Macaenses, Cabo Verdianos, Chineses e Lisboetas e também alguns Filipinos!
O contrato de arrendamento do "nosso" apartamento está a 5 meses de terminar.
O esterilizador (o suposto forno) serve hoje para guardar batatas e cebolas.
Não mais voltei a tomar Imodium.

Sunday, April 12, 2009

Porquê...

Já queria ter começado há mais tempo... O meu pai já me falou nisto diversas vezes... diz "olha que vais gostar de lembrar e ler mais tarde".

Eu acrescento mais uma razão... mais tarde vai custar muito mais escrever e encontrar no baú das recordações as genuínas descrições dos lugares, pessoas, sensações e sentimentos que vamos vivendo no dia-a-dia.

Há-de haver, se Deus quiser, quem queira saber, hoje e amanhã, pelo que vou passando e o que vou pensando desde o dia da nossa chegada ao Oriente... Senão, eu bastarei!

Pretende-se, se houver paciência e sapiência, que “isto” seja a modos que um diário para os “meus” acompanharem e para um dia eu recordar.

Assim, cerca um mês depois de completar 30 anos e após um ano e sete meses de quotidiano em Macau, aproveito para publicar a minha primeira tentativa de “relato” desde a minha imigração e que agora divulgo.

Espero que gostem!