Sunday, May 24, 2009

Império do Sol


Chegado a 6 de Setembro de 2007, levam-me logo a passear em finais do Outubro seguinte para o Japão.

A política da sociedade onde trabalho inclui, para além dos habituais jantares de Natal e ano novo chinês comuns a todos os escritórios e empresas, uma viagem anual com objectivos de “team building”.

Nesse ano, com vários membros novos no escritório a viagem revelava-se ainda mais importante e necessária.

Eram quatro dias de hotel, alimentação e viagem, tudo suportado pelo escritório. Os acompanhantes dos colaboradores foram bem-vindos mediante o pagamento de um montante bastante reduzido.

A minha mulher que tinha o seu novo emprego há pouco tempo não pode, por isso, acompanhar-me.

Éramos à volta de 70 pessoas e tomámos conta do avião que partiu de Macau com destino a Nagoya numa viagem que levou cerca de 4 horas a fazer.

Chegados ao aeroporto, passámos a imigração e antes de sair para o átrio do aeroporto a polícia parou-me e pediu para revistar a minha mochila.

Abriram e remexeram em tudo. Chegaram ao ponto de tirar as palmilhas dos sapatos e analisar à lupa o interior dos bolsos das calças que levava na mala, viram as meias, os boxers, viraram a mochila do avesso… tudo em busca de produtos ilícitos. Após 10 minutos de buscas, meteram tudo dentro da mala e deixaram-me seguir. Confesso não ter achado piada nenhuma à coisa!

Esperava-nos um autocarro que, após uma viagem de duas horas, deixou-nos num hotel a meio caminho de Osaka onde pudemos experimentar aquilo que por cá se chama de Hot Spring… Uns banhos turcos e saunas e piscinas de água gelada e morna e quente.

A viagem ia ser sempre a andar, sem paragens e com tempo livre para compras para satisfazer a vontade consumista dos colegas chineses.

Na sexta de manhã saímos do hotel e entramos novamente no auto-carro com destino a Kyoto que fica, mais ou menos, a caminho do nosso destino final. As viagens de autocarro começavam a ser um massacre. O guia da agência de viagens que nos acompanhava passava o tempo todo a falar, falava alto, sem pausas, sobre alguma coisa que não entendia por ser em cantonense… sem parar… sem parar nunca!!!

Kyoto não foi escolhida ao acaso para ser a cidade anfitriã do primeiro grande acordo internacional sancionado pela ONU sobre o ambiente, aquecimento global. Que cidade linda, limpa e saudável.

Estávamos às portas do inverno e aquelas neblinas outonais que nos habituámos a ver nos filmes que visitam o Japão já começavam a aparecer.

Mas foi uma visita de médico. Almoçámos por lá e visitamos um templo secular adormecido por entre a floresta mas incomodado pelos muitos turistas que o visitavam.

Chegamos a Osaka tarde. Ficámos instalados num belo hotel avizinhado com parque de diversões da Warner & Bros.

Estávamos numa cidade das grandes. Ao contrário de Kyoto que é uma cidade considerável mas pacata e baixinha, Osaka já é uma senhora aqui do Oriente. Moderna, organizada, muito grande, bonita e espaçosa. Encontrava aquilo que esperava do Japão e que o filme “Lost in Translation” me tinha dado a conhecer… De facto, muito pouca gente fala outra língua senão o japonês o que dificulta em muito a comunicação. Mas encontrei nos japoneses um povo simpático, cordial, afável, cerimonioso e extremamente bem educado.

A moda é extraordinariamente acompanhada pela juventude. A famosa “manga” tem uma influência incrível na maneira das pessoas se vestirem e nos seus penteados e o “ocidente” continua a ser uma atracção para os japoneses que não perdendo a sua forte e vincada identidade e cultura facilmente se apaixonam pelo comercial e típico “american product”.

Estava frio nesse dia e quis ir ao Hotel vestir uma camisola. Apanharei um táxi, pensei… fiz as contas… comprei uma camisola num loja do centro que me ficou mais barata do que a ida até ao Hotel de táxi! Não estranhe o leitor este facto. Na verdade os táxis em Osaka, vermelhos, impecáveis, Toyotas claro está, eram conduzidos por motoristas de fato preto, chapéu de “Chofér” e luva branca…. E por isso tudo, muito caros!

Passeamos pela cidade, conhecemos o centro e, no tempo livre para as compras, consegui fugir até ao museu de história de Osaka.

No sábado, sem que nada mais digno de registo se tenha passado no dia anterior, seguimos viagem novamente de autocarro com o guia aos berros ao microfone, sem se calar… sem se calar por um bocadinho que fosse.

Parámos a meio da viagem num conhecido templo guardado por dezenas de “bambis” e veados que, habituados às bolachas que os turistas compravam para lhes dar, amigavelmente se aproximavam pedindo uma festa e o desejado biscoito.

Um edifício de madeira, grande, muito grande, que aconchegava um enorme Buda sentado no interior. Tudo em madeira. Com meia meia-dúzia de séculos não deixava de ser imponente. Os portões do templo eram ladeados por enormes estátuas de guardas que assustavam os visitantes mais amedrontados.

Paramos para almoço e logo a seguir, sempre a andar, voltámos ao autocarro e ao meu querido guia chinês que de tanto falar engasgava por vezes com a garganta seca.

Antes do aeroporto, houve tempo ainda para visitar uma cidadezinha conhecida por ser um centro de treino de “ninjas” nos tempos idos. Conhecemos o museu dedicado ao tema, apreciámos diversas demonstrações, experimentámos as armas que utilizavam, tais como a famosa estrela de arremesso.

Chegamos ao aeroporto ao fim da tarde e pelas 2 da manhã de sábado chegámos a Macau.

Viagem relâmpago que só serviu para aguçar o apetite… para a próxima vou a Tokyo e ver as amendoeiras em flor!



Ps: No dia seguinte ao regresso, enquanto arrumava a roupa e tirava as coisas da mochila encontrei, numa das bolsas laterais, duas aspirinas à solta… nem quero imaginar o que teria acontecido se os polícias do aeroporto tivessem encontrado aquilo na minha chegada!

Monday, May 18, 2009

Um domingo como outro qualquer…


Acordei pelas 9 da manhã... foi tomar banho e vestir a correr... esperavam-nos por volta das dez... ao sair de casa a primeira má notícia do dia... uma multa de estacionamento!!!

Chegados ao destino, na falta de outro sítio para estacionar, arrisco tudo – duas no mesmo dia não acontece. E aconteceu mesmo. Passada meia hora de ter estacionado já outro papelinho voava no pára-brisas do meu Jaguar...1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 10... tive de contar para não começar a agredir velhinhas no meio da rua!

Volto para casa, estaciono o carro (no mesmo sítio onde passou a noite e que deu direito à primeira coima) mas deixei o respectivo papelinho no vidro não vá o Sr. Agente da Autoridade lembrar-se de passar outra...

Mudámos de roupa, atravessamos a rua à frente de casa e descemos para a marina. Esperava-nos o meu patrão que simpaticamente me tinha ligado no dia anterior para nos convidar a dar um passeio no seu barquito.

Saímos e navegamos por uma hora com destino a uma das inúmeras ilhas chinesas aqui das redondezas.

Chegados, parámos o barco. Lançamos ancora e enquanto nos preparavam o almoço (cozido à portuguesa com enchidos do Pingo Doce que o patrão tinha acabado de trazer de Portugal....Cozido numa ilha deserta da China...quem diria!!!) mandámos uns mergulhos e demos umas braçadas... que bom!

O sol estava picado e os meus braços ainda hoje se queixam da falta de protector durante a viagem.

Passamos a tarde a ler o jornal ou um livro intervalando os parágrafos mais aborrecidos com uma soneca estirada nos colchões que se encontravam espalhados no convés do navio!

Regressamos a casa pelas seis da tarde e, quando passávamos pelas 3 pontes que ligam Macau à Taipa, começou a chover.

Entrámos em casa a correr para tomar banho e voltar a sair... esperavam-nos às oito da noite no Centro Cultural de Macau para connosco assistirem a uma peça em Patuá (dialecto aqui de Macau que mistura o português com o chinês e outros “ês”) que tinha por tema os Advogados da terra.

O intervalo da peça apanhou-me a dormitar no ombro da minha mulher... Consegui, apesar de tudo, manter-me acordado na segunda metade do espectáculo.

Chegamos a casa às onze. Metemos um pão na boca e adormecemos.

Foi um domingo como outro qualquer!

Friday, May 15, 2009

A primeira saída (esta é que foi!!!)














Vem aí o relato da minha primeira saída aqui pelos orientes...

Um mês depois de ter chegado estive no Império do Sol Nascente.

Monday, May 11, 2009

Shanghai - o relato

Saí a correr do trabalho às cinco para apanhar o avião das seis e meia rumo a Shanghai – ou Xangai em Português. E ainda queria ter tempo para descansar um pouco no lounge do aeroporto cuja entrada é gratuita para os portadores do cartão do BNU.

É sempre um dos grandes momentos das viagens essa meia hora que se passa no dito lounge. Tem-se direito a comer e beber o que eles lá têm, enquanto se espera pelo nosso voo confortavelmente sentado nos sofás disponibilizados.

Servem umas chinesices, massas e arrozes fritos, uns pastéis de massa folhada e umas empadas de carne, umas mini-pizzas, uns docinhos e tal. Quanto a bebidas, há de tudo. Vinho, cerveja, chá, café, bebidas brancas e todo e qualquer refrigerante.

Enfim, como na maior parte das vezes viajamos em companhias low cost, onde não servem qualquer refeição a não ser que se pague, aproveitamos sempre para aconchegar o estômago antes da viagem.

Queríamos aproveitar o fim-de-semana prologado e por isso comprámos um pacote da Air Macau que incluía viagem e dormidas de 4 noites a sair na Quinta e regressar na Segunda.

Demoramos cerca de 3 horas a chegar ao nosso destino. Como se esperava, Shanghai tem um aeroporto gigante que acolhe milhares de viajantes diariamente. A ligação à cidade é feita por comboio que, a uma velocidade de 300 kms/h, chega à cidade em 8 minutos (de carro demoraríamos mais de hora e meia).

A estação do Maglev (o pendular lá do sítio) tem ligação directa com a rede de metro da cidade. Em menos de 15 minutos chegamos ao nosso destino final.

Escolhemos, dentre os disponíveis, um hotel central, quer no nome quer na localização – Shanghai Central Hotel. Tínhamos optado por não incluir os pequenos-almoços na nossa estadia, o que diminuiu bastante o valor do pacote, mas no check in do hotel lá nos deram as fichas da refeição matinal que nós, de sorriso silencioso nos lábios, aceitamos de bom grado.

Eram cerca das onze da noite, ainda perguntamos se haveria algum sítio aberto àquela hora onde pudéssemos comer qualquer coisa, mas limitaram as alternativas ao McDonalds e KFC… Jantamos no hotel.

Acordámos cedo e depois do óptimo pequeno-almoço – oferta da casa – saímos para a cidade.

Como toda a gente, deixamo-nos levar pela tentação de comparar a cidade com outras que conhecemos. Com Macau, não havia qualquer comparação. De Hong Kong, a modernidade dos edifícios, a largura das avenidas e os arranha-céus assemelhavam-se.

A influência francesa e britânica está visível a todos os níveis. Desde a arquitectura, aos restaurantes, à cultura e civismo das pessoas.

Era dia 1 de Maio. Dia do trabalhador. Feriado nacional. Milhares de pessoas nas ruas a passear. Gentes das cidades e zonas dos arredores invadiram a cidade aproveitando o feriado e o bom tempo que o dia trouxe.

Muitos passavam por nós e simpaticamente punham conversa – Where are you from? How many of you came? How many days will you stay? Happy Labor’s Day! - Alguns chegavam a convidar-nos para irmos com eles ao festival do Chá, que se realizava naquele fim-de-semana.
Se parávamos no passeio a olhar para o mapa ou para o guia, solicitamente perguntava-nos se precisávamos de ajuda ou então levavam-nos aonde queríamos ir. Que acolhimento e simpatia contagiantes.

Lembrei-me agora de um episódio que se passou comigo há uns anos, no Porto. Fui buscar a minha irmã que saía do seu trabalho no Rivoli pela meia-noite. Como habitual, o centro da cidade estava deserto e escuro e na mesma paragem de autocarro onde a minha irmã me esperava encontrava-se um rapaz, de olhos em bico, de mochila às costas, que acabado de chegar à cidade queria ir para a pousada da juventude ali da pasteleira. Por instinto, e de dentro do carro, perguntei ao rapaz para onde queria ir. Ao saber da resposta ofereci-me para o levar lá… hesitante, lá aceitou. Deixei-o à porta da pousada e em jeito de agradecimento ofereceu-me, a mim e à minha irmã, duas moedas Sul Coreanas. Depois de ter estado em Shanghai, acho que senti o mesmo que aquele rapaz sentiu no nosso Porto... "que malta simpática", deverá ter pensado!

Bem. Nesse dia andamos, como se diz no Porto, comó car …, enfim, andamos muito, pronto! Não corremos a cidade toda, isso era impossível. Shanghai é a maior cidade da China. Passeamos na “baixa”, corremos a marginal, bisbilhotamos a “Old Town”, apreciámos o templo.

Pude reparar, com muito espanto, que algumas crianças ("normalmente" uma por casal) com idades entre os 2 e 4 anos tinham as calças rotas no rabo... Coitadinhos, pensei eu, devem estar cheios de frio no rabiosque com as calças todas rotas... Depois de ter visto 2 ou 3 miúdos de rabo quasi ao léu concluí que não podia tratar-se de calças rotas... era cá uma coincidência. Depois lembrei-me... os putos não têm fraldas... nem cuecas... é que, na verdade, em hora de aperto a coisa fica muito mais fácil.


À noite, depois de um reconfortante banho no hotel, fomos jantar a um restaurante tipicamente francês e só os olhos dos empregados nos lembrava que não estávamos na Europa.

Do que mais me atraiu foi encontrar na China, uma cidade moderna como Nova York, antiga e clássica como Londres ou Paris e com todo o misticismo oriental e chinês. Onde ao lado do mais moderno arranha-céus, encontramos um quarteirão francês e um pagode chinês. É espectacular.

Então, durante sexta, sábado e domingo visitamos o que pudemos da cidade. Entramos e calcorreamos o Museu de Shanghai. Passeamos nas ruas da Concessão Francesa, visitamos os mercados das sedas e caxemiras e ainda o mercado das antiguidades.
Na noite de sábado tivemos uma desilusão. Queríamos muito ir a um restaurante-bar – Face – que existe noutras cidades da Ásia tal como Bangkok, Pequim, Jakarta. Tínhamos experimentado o da Tailândia e como gostámos muito decidimos ir jantar ao de Shanghai.

O restaurante ficava longe do centro e do nosso hotel. E é preciso um mapa pormenorizado para nos levar lá. Andamos, mais uma vez muito. Andamos às voltas. Andamos doidos e molhados pela chuva miudinha que nos caía em cima. Quando decidimos perguntar onde seria o tal “Face” disseram-nos… “Its closed”… Ora porra...às dez da noite "its closed"!

Acabamos por ir comer, em alternativa, a um sítio muito bom – M on the Bund. Fica no 8º andar de um prédio com vista para o rio. Muita influência francesa, também. Soubemos que há um em Hong Kong – M on the Fringe – … havemos de lá ir! Bom ambiente, excelente serviço, qualidade superior e preço acessível. Nota +.

Aproveitemos o domingo para as compras e passeamos pelos ditos mercados. Visitamos ainda uma das Catedrais de Shanghai. Uma típica Igreja inglesa mas cujo interior parece umas das Sés Portuguesas, e estava apetrechada de diversos ecrãs por onde os fiéis seguiam as leituras e as músicas cantadas por um coro composto por cerca de 30 pessoas. As músicas, muitas delas, eram iguais às que se ouvem por aqui em Macau e até em Portugal… Só que o coro não tinha comparação.

Segunda-feira acordámos pelas seis. O nosso voo partia às nove e meia e chegaríamos a Macau por volta do meio-dia e meia (com a devida autorização da entidade patronal, dispensei-me nessa manhã).

Ao invés de apanhar o metro para a estação do comboio, decidimos ir de táxi… A cidade está toda em construção à custa da recepção em 2010 da Expo. Alargam a rede de metro, refazem viadutos, constroem avenidas, enfim, uma barafunda a juntar ao trânsito que por si só já não é fácil. Estivemos quase para perder o comboio que em hora nos faria chagar ao chek in.

O aeroporto estava em estado de sítio à custa da gripe suína ou da gripe mexicana ou da gripe A ou da gripe H1N1. (tantos nomes para a mesma coisa!).
Os oficiais da imigração e os funcionários das companhias, protegidos por máscaras e luvas, lidavam com os passageiros como se fossem leprosos. Deixámos o nosso número de telefone (coisa que nunca nos é pedido) e passamos por aparelhos de medição de temperatura.

A chegada a Macau foi a mesma coisa. Toda a gente mascarada e enluvada. Tiraram-nos a febre e preenchemos uma declaração de saúde onde deveríamos acusar, se fosse o caso, a existência de uns quantos sintomas…

Cheguei a casa, tomei um banho. Fiz a barba e às duas e meia da tarde estava a trabalhar com vontade de ir conhecer a Expo 2010.


Ps: Descobri, ao escrever este artigo, que Shanghai é geminada com uma cidade portuguesa desde 1995… É o Porto, carago.

Sunday, May 10, 2009

Um quatro patas

Já pensava nisso há muito tempo e na verdade, não fazendo falta, limitava a nossa mobilidade...

Assim, surgiu o negócio certo na altura certa. Por muito poucochinho dinheiro comprámos esta máquina!

Tem 14 anos de idade, 113 000 mil kms (que para Macau é muita coisa), e uns quantos riscos e amolgadelas.

Foi matriculado a 14 de Março de 1995 pelos serviços do Leal Senado e agora é meu!